Redundância, Tautologia, Pleonasmo
Conversando com meu amigo, explicava um problema de pressão que tive, por causa das redundâncias.
-Subi prá cima
Subi prá cima, é tautologia
Todo mundo fala fala "lógico como vai subir para baixo", mas continua falando.
Só que no dia a dia tem exemplos mais sutis que passam despercebidos mas que irritam da mesma forma.
Por exemplo "elo de ligação".
Gente... elo é de ligação, senão não é elo é argola... pra uma argola ser promovida a elo tem ligar alguma coisa a alguma coisa sempre.
Outra coisa que todo mundo fala é "falta só o acabamento final". Se é acabamento é final. Não existe acabamento semi final, acabamento quartas de final.
Tem outro clássico. Tenho "certeza absoluta". Se a pessoa tem certeza ela é absoluta.
Te uma que eu nunca vi ninguém acertar. "É só uma goteira no teto." Goteira é no teto, na parede escorre no chão é poça.
Tem uma assim. "A show será nos dias oito, nove e dez inclusive." Se o dez não estivesse incluído é só a pessoa não dizer o dez.
"Divida o melão em duas metades iguais." Se é metade "Ana Maria Braga" é igual.
Eu estava num dia desses cansado de ouvir tautologia, pleonasmo e não queria contato com o mundo externo não queria falar com com ninguém. Que que eu fiz.Fui para casa, ativei a secretária eletrônica e fui fazer um miojo. Sentei para ver um tele jornal. Na primeira matéria o repórter mandou: "o projeto foi encaminhado para o vereador da cidade". Se é vereador é da cidade. Não existe vereador da rua da praça do bairro.Como não tem sentido aquela placa Prefeitura Municipal, porque no Brasil toda Prefeitura é do Município.
Levantei peguei meu miojo, voltei na matéria seguinte lá vem outro repórter: "os carros que forem sair da cidade no feriadão tem outra alternativa". Se é alternativa é outra. Se não é outra é a mesma se é a mesma não é alternativa, entendeu?
Na verdade achei que estava muito tempo em casa, precisava de uma ocupação, resolvi trabalhar. Onde? Numa biblioteca. Local de gente culta lugar de gente que fala pouco. Liguei para me inscrever. A moça que me atendeu falou "olha temos até uma vaga, mas o senhor tem que comparecer pessoalmente." Bacana ela ter me avisado que eu ainda não aprendi a comparecer por e-mail.
Desisti da biblioteca e achei que eu estava com problema de carência, fui na casa da minha namorada ela começou a me fazer um cafuné tava bacana mas ela resolveu conversar e aí complicou. Ela falou assim para mim, "você precisa se controlar que tá muito difícil conviver junto com você." Eu olhei para ela e antes de eu esboçar uma reação ela emendou: "inclusive eu já falei com seus amigos, e todos eles foram unânimes."
Não é bom a gente andar armado não. No velório dela...
Meus amigos acharam que eu precisa de auxílio médico, fui até um psiquiatra. -Doutor estou com um problema.
Ele respondeu, "calma, seja qual for seu problema você tem que pega-lo e encara-lo de frente."
Encarar é de frente. Não existe encarar de costas e se existisse era embundar, sei lá.
Sai de lá achando que o problema poderia ser espiritual e entrei na primeira Igreja que vi, me ajoelhei e falei.
-Frei me salve.
Ele respondeu.
"Eu já curei aqui, uma multidão de pessoas." Na impossibilidade de dizer ao cristão, "frei multidão de vacas é foda". Não falei nada. Frei achou que eu estava duvidando dele e falou "isso é um fato real". Se é fato, é real. Se é um fato real, "você precisa sentir a presença de Deus, aquela surpresa inesperada". Desmaiei.
Para poder me explicar uma doce enfermeira olhou para mim e falou "olha você passou a noite inteira na UTI, mas já está no quarto e pode ir embora, assim que amanhecer o dia".
Voltei para a UTI.
Depois que saí do hospital me curei. Descobri que o negócio é desabafar. Quando alguém fala alguma tautologia perto de mim, eu grito, grito, grito, fico bom na hora.
-É mesmo, respondeu meu amigo.
-Mas também não dou uns gritinhos não.
-É..você grita alto.
-É, eu grito alto. Gritoooo alllllllltooooooooooo.........ahhhhhhhhhhhhhhhhhh
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