Inversão de valores
Imaginemos que as pequenas lojas e indústrias, baseadas em pequenos centros pelo interior do país, depois de décadas de dependência de grandes redes e de empresas poderosas de matéria prima, passassem de clientes a fornecedores, deixassem de acatar preços e começassem a ditar preços e repentinamente comprassem grandes conglomerados e potencias que comandavam as regras de mercado.
É o que está acontecendo em nosso planeta que sempre foi comandado pelas grandes empresas americanas, japonesas e européias. Nas últimas décadas, o mundo viu as maiores economias mundial, aplicando grandes quantias em armamentos e defesa de seus interesses alegando a “segurança global”, deixando de aplicar trilhões de dólares na melhoria de suas empresas e da sua população.
Temos hoje as grandes potencias, a um passo da dependência dos países emergentes, pois no ano passado, vieram daqueles que estão fora do G8 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) dois terços do crescimento econômico global e com previsão de que suas economias se expandam cerca de 6,7% em 2008, contra 1,3% para os Estados Unidos, o Japão e os países que integram a moeda única Euro.
Essa mudança no poder econômico tem implicações que ainda não foram captadas pelos países do G8, e principalmente os Estados Unidos, que dizem garantir a segurança global a um grande custo e tentarão dividir esse ônus, para que a nova onda econômica mundial de riqueza dos países emergentes seja refletida em uma multi-divisão de tarefas e de compromissos.
Mas de onde vem essa nova onda? Em partes do petróleo que disparou os preços e levou junto todos os commodities, e dos metais e minerais que são extraídos principalmente nos países em desenvolvimento. Quando as hipotecas começaram a “estourar” nos Estados Unidos, o Brasil “estourava” fogos pela descoberta de novos poços de petróleo encontradas pela Petrobrás em águas profundas (e a Petrobrás é “expert” mundial nesse tipo de exploração) e também pela boa aceitação mundial do álcool (etanol) de cana-de-açúcar em expansão em terras brasileiras. Essa alta nos produtos primários gerou uma alavancagem de dólares nos caixas do terceiro mundo, com esses países conseguindo algo há muito tempo esperado que são os superávits nas balanças e países como o Brasil chegando a anunciar que passamos de devedores a credores mundiais.
Aqui, na China, e na Índia, algumas empresas nacionais saem comprando empresas americanas, canadenses e européias, como se compra um produto no supermercado. Analistas da Thomson Reuters, dizem que as fusões e aquisições nos mercados emergentes estão em alta de 17% no ano, crescendo para US$ 218 bilhões, enquanto no restante do mundo estão em queda de 43%, para US$ 991 bilhões. Se analisarmos os relatórios de 2007 sobre investimento mundial da United Nations Conference on Trade and Development - Unctad vemos que o investimento estrangeiro direto no mundo em desenvolvimento totalizou US$ 193 bilhões em 2006, em comparação com a média anual para a década de 1990 de US$ 54 bilhões. Os números para os EUA em 2006 foram de US$ 216,6 bilhões. Isso na prática mostra porque recentemente a Tata Motors da Índia, comprou a Land Rover e Jaguar, da Ford, por US$ 2,3 bilhões. Da Índia vem também a Vendanta Resources que na semana passada ofereceu US$ 2,6 bilhões para a compra da mineradora norte-americana de cobre, Asarco e que gerou uma contestação por parte do Grupo México que também tinha interesse na compra da empresa. Vemos nesse caso, um fato inusitado onde uma empresa de um país emergente da Ásia e outro latino-americano, disputam uma empresa dos Estados Unidos. A Tata Steel comprou no ano passado, a siderúrgica anglo-holandesa Corus Group, por US$ 12 bilhões. A nossa Cia. Vale do Rio Doce (agora simplesmente Vale), entrou pesado sobre uma mineradora de níquel do Canadá chamada Inco, e comprou por US$ 17 bilhões em 2006 e agora em 2008 quase comprou a mineradora anglo-suíça Xstrata por US$ 90 bilhões.
O negócio está tão bom, que a Vale está esnobando os Estados Unidos e concentrando sua vendas e seus negócios, na Ásia. Conforme os executivos da Vale, os Estados Unidos estão endividados e é imperativo estar na Ásia, porque lá que estão o crescimento, o capital e a ambição. Afinal de contas, a China responderá por 55% do consumo de minério de ferro, 31,6% do níquel e 42% do alumínio até 2012.
As países dessas novas empresas gigantes estão sendo chamados de “Newly Acquisitive Nations”, ou simplesmente NAN (países recém-compradores). E mais uma boa notícia, é que os emergentes ainda acusam o G8 de predadores de suas fontes naturais e poluidores responsáveis pelo buraco na camada de ozônio.
A verdade é que os emergentes estão com o mercado interno em expansão e todos tem uma ambição global que lhes foi castrada durante décadas. É comum hoje nos fóruns internacionais, os líderes empresariais em destaque pertencerem a Petrobrás ou a Vale e os representantes dos países de primeiro mundo, sentirem-se insignificantes. Não é por menos, pois a Petrobras, que está à frente do vigoroso esforço do Brasil em direção à auto-suficiência depois da pesada dependência de petróleo importado, há 30 anos, vai mais que duplicar a produção de petróleo para 4,2 milhões de barris diários até 2015, dos atuais 1,9 milhão de barris.
A globalização gerou uma inusitada “inversão de valores”, não esperada pelos europeus e principalmente pelos norte-americanos. Concluímos que essa nova onda é como um mundo invertido, onde além das economias emergentes que se tornaram potencias dominantes nas exportações mundiais em poucos anos, também as suas empresas estão em evidência na economia do planeta, desbancando aqueles que comandaram o cenário global nos séculos passados.
O século 21 não poderá tratar os emergentes da mesma maneira que sempre tratou e o Brasil começa a gritar pelo mundo defendendo seu etanol, a amazônia e atacando com firmeza os países que subsidiam fortemente seus produtos em prejuízo dos países mais pobres. Mas não devemos acreditar que eles aceitarão simplesmente a nova força e certamente represálias ocorrerão e o Brasil deve estar atento e preparado para defender seus interesses e conseguir aproveitar esse momento de euforia econômica favorável, para melhorar as condições de vida do povo brasileiro.
É o que está acontecendo em nosso planeta que sempre foi comandado pelas grandes empresas americanas, japonesas e européias. Nas últimas décadas, o mundo viu as maiores economias mundial, aplicando grandes quantias em armamentos e defesa de seus interesses alegando a “segurança global”, deixando de aplicar trilhões de dólares na melhoria de suas empresas e da sua população.
Temos hoje as grandes potencias, a um passo da dependência dos países emergentes, pois no ano passado, vieram daqueles que estão fora do G8 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) dois terços do crescimento econômico global e com previsão de que suas economias se expandam cerca de 6,7% em 2008, contra 1,3% para os Estados Unidos, o Japão e os países que integram a moeda única Euro.
Essa mudança no poder econômico tem implicações que ainda não foram captadas pelos países do G8, e principalmente os Estados Unidos, que dizem garantir a segurança global a um grande custo e tentarão dividir esse ônus, para que a nova onda econômica mundial de riqueza dos países emergentes seja refletida em uma multi-divisão de tarefas e de compromissos.
Mas de onde vem essa nova onda? Em partes do petróleo que disparou os preços e levou junto todos os commodities, e dos metais e minerais que são extraídos principalmente nos países em desenvolvimento. Quando as hipotecas começaram a “estourar” nos Estados Unidos, o Brasil “estourava” fogos pela descoberta de novos poços de petróleo encontradas pela Petrobrás em águas profundas (e a Petrobrás é “expert” mundial nesse tipo de exploração) e também pela boa aceitação mundial do álcool (etanol) de cana-de-açúcar em expansão em terras brasileiras. Essa alta nos produtos primários gerou uma alavancagem de dólares nos caixas do terceiro mundo, com esses países conseguindo algo há muito tempo esperado que são os superávits nas balanças e países como o Brasil chegando a anunciar que passamos de devedores a credores mundiais.
Aqui, na China, e na Índia, algumas empresas nacionais saem comprando empresas americanas, canadenses e européias, como se compra um produto no supermercado. Analistas da Thomson Reuters, dizem que as fusões e aquisições nos mercados emergentes estão em alta de 17% no ano, crescendo para US$ 218 bilhões, enquanto no restante do mundo estão em queda de 43%, para US$ 991 bilhões. Se analisarmos os relatórios de 2007 sobre investimento mundial da United Nations Conference on Trade and Development - Unctad vemos que o investimento estrangeiro direto no mundo em desenvolvimento totalizou US$ 193 bilhões em 2006, em comparação com a média anual para a década de 1990 de US$ 54 bilhões. Os números para os EUA em 2006 foram de US$ 216,6 bilhões. Isso na prática mostra porque recentemente a Tata Motors da Índia, comprou a Land Rover e Jaguar, da Ford, por US$ 2,3 bilhões. Da Índia vem também a Vendanta Resources que na semana passada ofereceu US$ 2,6 bilhões para a compra da mineradora norte-americana de cobre, Asarco e que gerou uma contestação por parte do Grupo México que também tinha interesse na compra da empresa. Vemos nesse caso, um fato inusitado onde uma empresa de um país emergente da Ásia e outro latino-americano, disputam uma empresa dos Estados Unidos. A Tata Steel comprou no ano passado, a siderúrgica anglo-holandesa Corus Group, por US$ 12 bilhões. A nossa Cia. Vale do Rio Doce (agora simplesmente Vale), entrou pesado sobre uma mineradora de níquel do Canadá chamada Inco, e comprou por US$ 17 bilhões em 2006 e agora em 2008 quase comprou a mineradora anglo-suíça Xstrata por US$ 90 bilhões.
O negócio está tão bom, que a Vale está esnobando os Estados Unidos e concentrando sua vendas e seus negócios, na Ásia. Conforme os executivos da Vale, os Estados Unidos estão endividados e é imperativo estar na Ásia, porque lá que estão o crescimento, o capital e a ambição. Afinal de contas, a China responderá por 55% do consumo de minério de ferro, 31,6% do níquel e 42% do alumínio até 2012.
As países dessas novas empresas gigantes estão sendo chamados de “Newly Acquisitive Nations”, ou simplesmente NAN (países recém-compradores). E mais uma boa notícia, é que os emergentes ainda acusam o G8 de predadores de suas fontes naturais e poluidores responsáveis pelo buraco na camada de ozônio.
A verdade é que os emergentes estão com o mercado interno em expansão e todos tem uma ambição global que lhes foi castrada durante décadas. É comum hoje nos fóruns internacionais, os líderes empresariais em destaque pertencerem a Petrobrás ou a Vale e os representantes dos países de primeiro mundo, sentirem-se insignificantes. Não é por menos, pois a Petrobras, que está à frente do vigoroso esforço do Brasil em direção à auto-suficiência depois da pesada dependência de petróleo importado, há 30 anos, vai mais que duplicar a produção de petróleo para 4,2 milhões de barris diários até 2015, dos atuais 1,9 milhão de barris.
A globalização gerou uma inusitada “inversão de valores”, não esperada pelos europeus e principalmente pelos norte-americanos. Concluímos que essa nova onda é como um mundo invertido, onde além das economias emergentes que se tornaram potencias dominantes nas exportações mundiais em poucos anos, também as suas empresas estão em evidência na economia do planeta, desbancando aqueles que comandaram o cenário global nos séculos passados.
O século 21 não poderá tratar os emergentes da mesma maneira que sempre tratou e o Brasil começa a gritar pelo mundo defendendo seu etanol, a amazônia e atacando com firmeza os países que subsidiam fortemente seus produtos em prejuízo dos países mais pobres. Mas não devemos acreditar que eles aceitarão simplesmente a nova força e certamente represálias ocorrerão e o Brasil deve estar atento e preparado para defender seus interesses e conseguir aproveitar esse momento de euforia econômica favorável, para melhorar as condições de vida do povo brasileiro.
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