sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

DEPOIS DA GEYSA ARRUDA AS HEROÍNAS DE GAMES TAMBÉM FORAM EXPULSAS DA UNIBAN–VEJA PORQUE:

NOME: Tifa

CURSO: Administração Hoteleira com ênfase em Barismo

O ESTOPIM: Tentou causar ciúmes ao ex-namorado, Cloud, ao andar de minissaia e barriga de fora com o líder da gangue oposta, Sephiroth.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Cloud e Sephiroth sempre estiveram em pé de guerra. E, enquanto Tifa namorava Cloud, tudo permanecia em uma tênue harmonia. Porém, alega Tifa, que o seu enamorado a trocou por outra garota, que cursava pós-graduação em Meio Ambiente. Sephiroth achou a situação muito engraçada e perseguia a nova namoradinha de Cloud pelos corredores, chamando-a de “papa-anjo”. Os dois meninos partiram para a briga. No dia seguinte Tifa, que indubitavelmente era uma boa menina, assumiu uma postura mais libertina e passou a oferecer-se para Sephiroth. A Reitoria imprime uma nota, que diz: “Decidimos desligar a aluna Tifa Lockhart do quadro discente da Instituição, em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, por fazer dois caras brigarem (de novo), e por usar roupas que deixem a barriga de fora. Vamos suspender os dois alunos envolvidos na briga, para que eles esqueçam a peleja e a barriga”.


 

NOME: Lara Croft

CURSO: Arqueologia

O ESTOPIM: A aluna teimou em escalar o prédio da faculdade para chegar à aula – vestida com um micro shorts – com a premissa de que precisava treinar suas habilidades atléticas.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Não é de agora que Lara causa problemas e deixa a parcela masculina da faculdade moralmente atiçada. Costuma frequentar a atlética da faculdade de Educação Física mostrando as curvas enquanto realiza exercícios. Os alunos declaram que ela deveria “fazer cirurgia de redução de seios, ou usar um moletom que cobrisse completamente sua vulgaridade”. P. Ferreiro, de 20 anos complementa: “O pior é que ela esnoba qualquer investida da parte dos meninos. Se não queria tomar cantada, devia ser feia”.


NOME: Jill Valentine

CURSO: Direito

O ESTOPIM: Passou todo seu primeiro ano de faculdade em roupas militares, no primeiro dia de aula do terceiro ano, aparece com uma minissaia.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Aparentemente de moral inabalável, Jill Valentine era uma aluna-modelo, quando entrou em seu primeiro ano de universidade. Uma amiga íntima desta fase de Jill comenta que os problemas começaram no final de seu segundo semestre “Jill começou a ter delírios paranóicos que envolviam algum tipo de vírus, e mudou suas atitudes. Ela achava inimigos por todos os campos e dizia que os outros alunos estão virando zumbis”. A Universidade alega que a Srta. Vallentine estava sob efeito de drogas pesadas e começou a acreditar que a faculdade envolvia algum tipo de conspiração. As novas roupas são um reflexo de sua personalidade distorcida e sua fúria lasciva.


NOME: Chun-Li

CURSO: Educação Física

O ESTOPIM: Ao mostrar um golpe que aprendeu com um suspeito mestre nas artes de lutas marciais, a calcinha da aluna ficou completamente exposta.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Chun-Li tem a mania de se vestir em roupas mais tradicionais de cultura oriental, o que é, por si só, um fetiche. O pior são as fendas laterais da vestimenta, que atrapalham os demais alunos de se concentrarem nas aulas. N. Xi Vai, 18, um conterrâneo preocupado, comenta que Chun-Li “mancha as tradições de nossos antepassados, deveria ser condenada por falta de honra”. Sakura, uma amiga de Chun-Li diz que tudo isto não passa de intriga da oposição, já que “ela chuta todos os caras que usam linguagem chula ao se referir a ela”.


NOME: Rayne

CURSO: Teologia

O ESTOPIM: Foi vista dando mordiscadas em um colega de classe, quase despida da parte de cima de sua roupa.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Rayne sempre teve um gosto nada apropriado para roupas, mas ninguém tinha coragem de fazer nada, pois tanto a Reitoria quanto os alunos temiam demais a reação da aluna. L. Pavão, 19 anos, comenta que “bem, ela é gost... quero dizer, muito bem apessoada, mas tem um temperamento explosivo, e muitos de nós tínhamos medo que ela pudesse nos bater ou usar aqueles dentes enormes. Daí, quando vi que ela beijav... atacava o meu amigo, não podia ficar quieto”. Todo o corpo estudantil fez um abaixo-assinado para que Rayne fosse expulsa. M. Neves, uma garota de 21 anos, aprova a decisão: “Só porque ela é meio vampiro não quer dizer que ela pode sair por ai com roupas daquele tamanho. Os meninos tem que olhar pra outras garotas também, sabe?”


NOME: Morrigan

CURSO: Artes do Corpo

O ESTOPIM: No dia de Halloween, usou uma fantasia decotada e flertou com todos os alunos, meninos ou meninas.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: A festa de Dia das Bruxas da faculdade de Publicidade é considerada uma das melhores, pelos alunos. Porém, o decote usado por Morrigan só causou menos furor que suas investidas de cunho sexual que distribuiu a todos os participantes da celebração. T. Feraz, de 21, estava vestida de coelhinha e afirma: “Mesmo na hora de usar fantasias mínimas tem que haver o mínimo de decência”. Seu colega de sala, M. Benevides, corrobora: “Apesar de a festa não ter acontecido no campus, ela ficou mal-vista para sempre”. Metade da faculdade odiava Morrigan e a outra metade tinha se apaixonado. A Universidade, que não queria lidar nem com ódio nem com apaixonados babantes, expulsou a garota.


NOME: Todas as garotas do grupo de RPG conhecido como “World of Warcraft´s Elves”

CURSO: Design de Games

O ESTOPIM: Um grupo de 18 blood e night elves foi visto distribuindo /dance, /flirt, /lick.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: As meninas do grupo de RPG chamado Elfos do World of Wacraft (um destes games que corrompe a mente humana, causando violência, abstinência, vício, bolhas no pé e bolinhas verdes nas costas) já não eram bem-quistas na faculdade, por desfilarem em trajes estranhos e pequenos. Além disso, estas 18 garotas resolveram recriar uma ação de dentro do game (basicamente, você escreve “/” e a ação que deseja realizar) na vida real. O que significa que elas pronunciavam em voz alta “barra lamber” e saiam lambendo os outros. Antes que virasse um bacanal, elas foram expulsas, por uma Reitoria irada que berrava: “BARRA PUNIR”


NOME: Cortana

CURSO: Ciências da Computação

O ESTOPIM: Fez fotos imorais (coberta apenas por Body Art), colocou-as na Internet e teve a indecência de aparecer na faculdade depois disso.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: A foto acima foi usada como evidência pela reitoria da Universidade, quando expulsou a aluna Cortana. Para eles, tirar foto com somente um biquíni e o resto do corpo revestido somente em pintura é coisa da mansão da Playboy, da Globeleza e do carnaval. E, obviamente, ninguém que participa do carnaval, tira fotos para a Playboy ou foi Globeleza pode ter um diploma. Cortana tentou se desculpar dizendo que as fotos foram feitas para seu namorado virtual, M. Chief. “Ele tem uma tara por essas coisas de tecnologia”, afirmou Cortana.


NOME: Ivy

CURSO: Administração de Empresas

O ESTOPIM: Resolveu usar somente um bustiê depois de uma cirurgia de aumento de mamas e desfilou pela faculdade, tomando um caminho maior do que o necessário.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: De passado nobre, Ivy não teve problemas para garantir uma educação privilegiada, e optou por prestar ADM para cuidar dos assuntos familiares. Quando os alunos descobriram que seu pai era, na verdade, eu pirata, passaram a esnobá-la em rodinhas de conversa. Ivy era bem recata e tinha senso de estilo, como mostra a foto abaixo:

Porém, desde que começou a pesquisar sobre maldições – coisa que comprova como o passado genético pode ser mais importante do que alguns pensam – ela passou a se preocupar menos com que os outros pensam dela. T. Ozório, por exemplo, sentiu-se muito encabulado pelo atentado ao pudor causado por Ivy: “Minha namorada é bonita, mas é normal, sabe? Esse tipo de busto não pode ser de verdade. Se você fez cirurgia, não precisa mostrar pra todo mundo, rola uma inveja, né?”


NOME: Sonia Belmont

CURSO: Mitologia

O ESTOPIM: Chicoteou diversos alunos em roupas que lembram fantasias de sadomasoquismo.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Sonia entrou na faculdade contando histórias fantasiosas a cerca de uma viagem que tinha realizado ao mesmo ano para a Transilvânia. Desde então, ela sempre carrega um chicote na sua mochila, mas não tenta esconder suas perversões de cunho sexual dos amigos. Muitos dos garotos tinham certo receio que Sonia decidisse usar a arma escondida, que podia chamar mais a atenção do que suas botas sete oitavos.


DEPOIS DA GEYSA ARRUDA AS HEROÍNAS DE GAMES TAMBÉM FORAM EXPULSAS DA UNIBAN – VEJA PORQUE:

NOME: Tifa

CURSO: Administração Hoteleira com ênfase em Barismo

O ESTOPIM: Tentou causar ciúmes ao ex-namorado, Cloud, ao andar de minissaia e barriga de fora com o líder da gangue oposta, Sephiroth.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Cloud e Sephiroth sempre estiveram em pé de guerra. E, enquanto Tifa namorava Cloud, tudo permanecia em uma tênue harmonia. Porém, alega Tifa, que o seu enamorado a trocou por outra garota, que cursava pós-graduação em Meio Ambiente. Sephiroth achou a situação muito engraçada e perseguia a nova namoradinha de Cloud pelos corredores, chamando-a de “papa-anjo”. Os dois meninos partiram para a briga. No dia seguinte Tifa, que indubitavelmente era uma boa menina, assumiu uma postura mais libertina e passou a oferecer-se para Sephiroth. A Reitoria imprime uma nota, que diz: “Decidimos desligar a aluna Tifa Lockhart do quadro discente da Instituição, em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, por fazer dois caras brigarem (de novo), e por usar roupas que deixem a barriga de fora. Vamos suspender os dois alunos envolvidos na briga, para que eles esqueçam a peleja e a barriga”.


 

NOME: Lara Croft

CURSO: Arqueologia

O ESTOPIM: A aluna teimou em escalar o prédio da faculdade para chegar à aula – vestida com um micro shorts – com a premissa de que precisava treinar suas habilidades atléticas.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Não é de agora que Lara causa problemas e deixa a parcela masculina da faculdade moralmente atiçada. Costuma frequentar a atlética da faculdade de Educação Física mostrando as curvas enquanto realiza exercícios. Os alunos declaram que ela deveria “fazer cirurgia de redução de seios, ou usar um moletom que cobrisse completamente sua vulgaridade”. P. Ferreiro, de 20 anos complementa: “O pior é que ela esnoba qualquer investida da parte dos meninos. Se não queria tomar cantada, devia ser feia”.


NOME: Jill Valentine

CURSO: Direito

O ESTOPIM: Passou todo seu primeiro ano de faculdade em roupas militares, no primeiro dia de aula do terceiro ano, aparece com uma minissaia.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Aparentemente de moral inabalável, Jill Valentine era uma aluna-modelo, quando entrou em seu primeiro ano de universidade. Uma amiga íntima desta fase de Jill comenta que os problemas começaram no final de seu segundo semestre “Jill começou a ter delírios paranóicos que envolviam algum tipo de vírus, e mudou suas atitudes. Ela achava inimigos por todos os campos e dizia que os outros alunos estão virando zumbis”. A Universidade alega que a Srta. Vallentine estava sob efeito de drogas pesadas e começou a acreditar que a faculdade envolvia algum tipo de conspiração. As novas roupas são um reflexo de sua personalidade distorcida e sua fúria lasciva.


NOME: Chun-Li

CURSO: Educação Física

O ESTOPIM: Ao mostrar um golpe que aprendeu com um suspeito mestre nas artes de lutas marciais, a calcinha da aluna ficou completamente exposta.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Chun-Li tem a mania de se vestir em roupas mais tradicionais de cultura oriental, o que é, por si só, um fetiche. O pior são as fendas laterais da vestimenta, que atrapalham os demais alunos de se concentrarem nas aulas. N. Xi Vai, 18, um conterrâneo preocupado, comenta que Chun-Li “mancha as tradições de nossos antepassados, deveria ser condenada por falta de honra”. Sakura, uma amiga de Chun-Li diz que tudo isto não passa de intriga da oposição, já que “ela chuta todos os caras que usam linguagem chula ao se referir a ela”.


NOME: Rayne

CURSO: Teologia

O ESTOPIM: Foi vista dando mordiscadas em um colega de classe, quase despida da parte de cima de sua roupa.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Rayne sempre teve um gosto nada apropriado para roupas, mas ninguém tinha coragem de fazer nada, pois tanto a Reitoria quanto os alunos temiam demais a reação da aluna. L. Pavão, 19 anos, comenta que “bem, ela é gost... quero dizer, muito bem apessoada, mas tem um temperamento explosivo, e muitos de nós tínhamos medo que ela pudesse nos bater ou usar aqueles dentes enormes. Daí, quando vi que ela beijav... atacava o meu amigo, não podia ficar quieto”. Todo o corpo estudantil fez um abaixo-assinado para que Rayne fosse expulsa. M. Neves, uma garota de 21 anos, aprova a decisão: “Só porque ela é meio vampiro não quer dizer que ela pode sair por ai com roupas daquele tamanho. Os meninos tem que olhar pra outras garotas também, sabe?”


NOME: Morrigan

CURSO: Artes do Corpo

O ESTOPIM: No dia de Halloween, usou uma fantasia decotada e flertou com todos os alunos, meninos ou meninas.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: A festa de Dia das Bruxas da faculdade de Publicidade é considerada uma das melhores, pelos alunos. Porém, o decote usado por Morrigan só causou menos furor que suas investidas de cunho sexual que distribuiu a todos os participantes da celebração. T. Feraz, de 21, estava vestida de coelhinha e afirma: “Mesmo na hora de usar fantasias mínimas tem que haver o mínimo de decência”. Seu colega de sala, M. Benevides, corrobora: “Apesar de a festa não ter acontecido no campus, ela ficou mal-vista para sempre”. Metade da faculdade odiava Morrigan e a outra metade tinha se apaixonado. A Universidade, que não queria lidar nem com ódio nem com apaixonados babantes, expulsou a garota.


NOME: Todas as garotas do grupo de RPG conhecido como “World of Warcraft´s Elves”

CURSO: Design de Games

O ESTOPIM: Um grupo de 18 blood e night elves foi visto distribuindo /dance, /flirt, /lick.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: As meninas do grupo de RPG chamado Elfos do World of Wacraft (um destes games que corrompe a mente humana, causando violência, abstinência, vício, bolhas no pé e bolinhas verdes nas costas) já não eram bem-quistas na faculdade, por desfilarem em trajes estranhos e pequenos. Além disso, estas 18 garotas resolveram recriar uma ação de dentro do game (basicamente, você escreve “/” e a ação que deseja realizar) na vida real. O que significa que elas pronunciavam em voz alta “barra lamber” e saiam lambendo os outros. Antes que virasse um bacanal, elas foram expulsas, por uma Reitoria irada que berrava: “BARRA PUNIR”


NOME: Cortana

CURSO: Ciências da Computação

O ESTOPIM: Fez fotos imorais (coberta apenas por Body Art), colocou-as na Internet e teve a indecência de aparecer na faculdade depois disso.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: A foto acima foi usada como evidência pela reitoria da Universidade, quando expulsou a aluna Cortana. Para eles, tirar foto com somente um biquíni e o resto do corpo revestido somente em pintura é coisa da mansão da Playboy, da Globeleza e do carnaval. E, obviamente, ninguém que participa do carnaval, tira fotos para a Playboy ou foi Globeleza pode ter um diploma. Cortana tentou se desculpar dizendo que as fotos foram feitas para seu namorado virtual, M. Chief. “Ele tem uma tara por essas coisas de tecnologia”, afirmou Cortana.


NOME: Ivy

CURSO: Administração de Empresas

O ESTOPIM: Resolveu usar somente um bustiê depois de uma cirurgia de aumento de mamas e desfilou pela faculdade, tomando um caminho maior do que o necessário.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: De passado nobre, Ivy não teve problemas para garantir uma educação privilegiada, e optou por prestar ADM para cuidar dos assuntos familiares. Quando os alunos descobriram que seu pai era, na verdade, eu pirata, passaram a esnobá-la em rodinhas de conversa. Ivy era bem recata e tinha senso de estilo, como mostra a foto abaixo:

Porém, desde que começou a pesquisar sobre maldições – coisa que comprova como o passado genético pode ser mais importante do que alguns pensam – ela passou a se preocupar menos com que os outros pensam dela. T. Ozório, por exemplo, sentiu-se muito encabulado pelo atentado ao pudor causado por Ivy: “Minha namorada é bonita, mas é normal, sabe? Esse tipo de busto não pode ser de verdade. Se você fez cirurgia, não precisa mostrar pra todo mundo, rola uma inveja, né?”


NOME: Sonia Belmont

CURSO: Mitologia

O ESTOPIM: Chicoteou diversos alunos em roupas que lembram fantasias de sadomasoquismo.

O QUE A UNIVERSIDADE E OS ALUNOS ALEGAM: Sonia entrou na faculdade contando histórias fantasiosas a cerca de uma viagem que tinha realizado ao mesmo ano para a Transilvânia. Desde então, ela sempre carrega um chicote na sua mochila, mas não tenta esconder suas perversões de cunho sexual dos amigos. Muitos dos garotos tinham certo receio que Sonia decidisse usar a arma escondida, que podia chamar mais a atenção do que suas botas sete oitavos.


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Marina Silva apresenta seu vice

Postado no Blog do Jose Heraldo

O “esconde-esconde” de candidaturas está chegando ao final. Falta apenas Dilma Rousseff assumir publicamente ser a candidata do Lula e do PT. A senadora Marina Silva (PV/AC) assumiu publicamente hoje (28) ser candidata à Presidência da República, tendo como seu “provável” vice Guilherme Leal, co-presidente do conselho de administração da Natura. "Há o desejo de ambas as partes, do PV e de grande parte do empresariado brasileiro", disse em entrevista coletiva em Porto Alegre. Marina está na cidade para atividades do Fórum Social Mundial.

Quanto a Guilherme Leal ele foi moderado quanto à sua candidatura: disse que a confirmação da chapa passará por um processo de amadurecimento, como a composição de outras candidaturas, que, assim como a de Marina, ainda não anunciaram formalmente os vices.

"Quando me filiei foi um gesto político. Tinha o significado de que estou a serviço do movimento que a Marina está promovendo. Os desejos, as disponibilidades políticas estão colocadas, precisam ser amadurecidas", afirmou o empresário.
Segundo Marina, Leal é um empresário que discutia e se preocupava com a sustentabilidade "quando o tema ainda não era moda".

Com relação ao anúncio do PSOL, de Heloísa Helena (outra provável candidata à Presidência da República) de que não a apoiará nessa candidatura, ela informou que a apoiará caso ela (Heloísa Helena) saia candidata ao Senado por Alagoas.
Já com relação ao seu colega de partido (PV), Fernando Gabeira, do Rio de Janeiro, ela evitou fazer críticas sobre o apoio que ele recebeu do PSDB e do DEM, quando foi candidato à Prefeitura daquele estado em 2008. Segundo ela "são questões regionais."
Em relação às críticas sobre a pouca experiência como gestora, Marina lembrou os mais de cinco anos à frente do Ministério do Meio Ambiente e disse que o debate não pode ser reduzido a esse aspecto.

"Governar um país vai além da gestão. Se bastasse um técnico, com certeza o Lula nunca teria sido presidente, porque ele não tinha experiência de gestão", disse.ontem (27)

http://www.vooz.com.br/blogs/marina-silva-apresenta-seu-vice-28357.html

Marina Silva apresenta seu vice

Postado no Blog do Jose Heraldo

O “esconde-esconde” de candidaturas está chegando ao final. Falta apenas Dilma Rousseff assumir publicamente ser a candidata do Lula e do PT. A senadora Marina Silva (PV/AC) assumiu publicamente hoje (28) ser candidata à Presidência da República, tendo como seu “provável” vice Guilherme Leal, co-presidente do conselho de administração da Natura. "Há o desejo de ambas as partes, do PV e de grande parte do empresariado brasileiro", disse em entrevista coletiva em Porto Alegre. Marina está na cidade para atividades do Fórum Social Mundial.

Quanto a Guilherme Leal ele foi moderado quanto à sua candidatura: disse que a confirmação da chapa passará por um processo de amadurecimento, como a composição de outras candidaturas, que, assim como a de Marina, ainda não anunciaram formalmente os vices.

"Quando me filiei foi um gesto político. Tinha o significado de que estou a serviço do movimento que a Marina está promovendo. Os desejos, as disponibilidades políticas estão colocadas, precisam ser amadurecidas", afirmou o empresário.
Segundo Marina, Leal é um empresário que discutia e se preocupava com a sustentabilidade "quando o tema ainda não era moda".

Com relação ao anúncio do PSOL, de Heloísa Helena (outra provável candidata à Presidência da República) de que não a apoiará nessa candidatura, ela informou que a apoiará caso ela (Heloísa Helena) saia candidata ao Senado por Alagoas.
Já com relação ao seu colega de partido (PV), Fernando Gabeira, do Rio de Janeiro, ela evitou fazer críticas sobre o apoio que ele recebeu do PSDB e do DEM, quando foi candidato à Prefeitura daquele estado em 2008. Segundo ela "são questões regionais."
Em relação às críticas sobre a pouca experiência como gestora, Marina lembrou os mais de cinco anos à frente do Ministério do Meio Ambiente e disse que o debate não pode ser reduzido a esse aspecto.

"Governar um país vai além da gestão. Se bastasse um técnico, com certeza o Lula nunca teria sido presidente, porque ele não tinha experiência de gestão", disse.ontem (27)

http://www.vooz.com.br/blogs/marina-silva-apresenta-seu-vice-28357.html

Marina Silva apresenta seu vice

Postado no Blog do Jose Heraldo

O “esconde-esconde” de candidaturas está chegando ao final. Falta apenas Dilma Rousseff assumir publicamente ser a candidata do Lula e do PT. A senadora Marina Silva (PV/AC) assumiu publicamente hoje (28) ser candidata à Presidência da República, tendo como seu “provável” vice Guilherme Leal, co-presidente do conselho de administração da Natura. "Há o desejo de ambas as partes, do PV e de grande parte do empresariado brasileiro", disse em entrevista coletiva em Porto Alegre. Marina está na cidade para atividades do Fórum Social Mundial.

Quanto a Guilherme Leal ele foi moderado quanto à sua candidatura: disse que a confirmação da chapa passará por um processo de amadurecimento, como a composição de outras candidaturas, que, assim como a de Marina, ainda não anunciaram formalmente os vices.

"Quando me filiei foi um gesto político. Tinha o significado de que estou a serviço do movimento que a Marina está promovendo. Os desejos, as disponibilidades políticas estão colocadas, precisam ser amadurecidas", afirmou o empresário.
Segundo Marina, Leal é um empresário que discutia e se preocupava com a sustentabilidade "quando o tema ainda não era moda".

Com relação ao anúncio do PSOL, de Heloísa Helena (outra provável candidata à Presidência da República) de que não a apoiará nessa candidatura, ela informou que a apoiará caso ela (Heloísa Helena) saia candidata ao Senado por Alagoas.
Já com relação ao seu colega de partido (PV), Fernando Gabeira, do Rio de Janeiro, ela evitou fazer críticas sobre o apoio que ele recebeu do PSDB e do DEM, quando foi candidato à Prefeitura daquele estado em 2008. Segundo ela "são questões regionais."
Em relação às críticas sobre a pouca experiência como gestora, Marina lembrou os mais de cinco anos à frente do Ministério do Meio Ambiente e disse que o debate não pode ser reduzido a esse aspecto.

"Governar um país vai além da gestão. Se bastasse um técnico, com certeza o Lula nunca teria sido presidente, porque ele não tinha experiência de gestão", disse.ontem (27)

http://www.vooz.com.br/blogs/marina-silva-apresenta-seu-vice-28357.html

Marina Silva apresenta seu vice

 Blog do Jose Heraldo

O “esconde-esconde” de candidaturas está chegando ao final. Falta apenas Dilma Rousseff assumir publicamente ser a candidata do Lula e do PT. A senadora Marina Silva (PV/AC) assumiu publicamente hoje (28) ser candidata à Presidência da República, tendo como seu “provável” vice Guilherme Leal, co-presidente do conselho de administração da Natura. "Há o desejo de ambas as partes, do PV e de grande parte do empresariado brasileiro", disse em entrevista coletiva em Porto Alegre. Marina está na cidade para atividades do Fórum Social Mundial.

Quanto a Guilherme Leal ele foi moderado quanto à sua candidatura: disse que a confirmação da chapa passará por um processo de amadurecimento, como a composição de outras candidaturas, que, assim como a de Marina, ainda não anunciaram formalmente os vices.

"Quando me filiei foi um gesto político. Tinha o significado de que estou a serviço do movimento que a Marina está promovendo. Os desejos, as disponibilidades políticas estão colocadas, precisam ser amadurecidas", afirmou o empresário.
Segundo Marina, Leal é um empresário que discutia e se preocupava com a sustentabilidade "quando o tema ainda não era moda".

Com relação ao anúncio do PSOL, de Heloísa Helena (outra provável candidata à Presidência da República) de que não a apoiará nessa candidatura, ela informou que a apoiará caso ela (Heloísa Helena) saia candidata ao Senado por Alagoas.
Já com relação ao seu colega de partido (PV), Fernando Gabeira, do Rio de Janeiro, ela evitou fazer críticas sobre o apoio que ele recebeu do PSDB e do DEM, quando foi candidato à Prefeitura daquele estado em 2008. Segundo ela "são questões regionais."
Em relação às críticas sobre a pouca experiência como gestora, Marina lembrou os mais de cinco anos à frente do Ministério do Meio Ambiente e disse que o debate não pode ser reduzido a esse aspecto.

"Governar um país vai além da gestão. Se bastasse um técnico, com certeza o Lula nunca teria sido presidente, porque ele não tinha experiência de gestão", disse.ontem (27)

http://www.vooz.com.br/blogs/marina-silva-apresenta-seu-vice-28357.html

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Reflexão

 

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais."

(Bob Marley)


Reflexão

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais."


(Bob Marley)


Reflexão

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais."


(Bob Marley)


Reflexão

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais."


(Bob Marley)


Reflexão

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais."


(Bob Marley)


Crise do mensalão ajudou a esconder o surgimento do lulismo

 

DATA: Quinta-Feira, 28 de Janeiro de 2010

Na edição mais recente da revista “Novos Estudos”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o cientista político e jornalista André Singer, professor da Universidade de São Paulo, publicou o artigo “Razões Sociais e Ideológicas do Lulismo”, em que discute a emergência desta nova base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou visível nas eleições de 2006.

O ano de 2010 é o último ano de Lula, eleito em 2002 e reeleito em 2006, à frente da Presidência da República. Passados esses anos todos, o presidente é o mesmo – mas o eleitorado mudou. Esse fenômeno tem sido chamado “lulismo” pelos cientistas políticos e sociólogos na análise da política brasileira.

Há quem veja no processo uma despolitização, como é o caso do sociólogo Francisco de Oliveira. O ex-presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo comparando o processo ao peronismo argentino.

Para André Singer, Lula, com uma política ao mesmo tempo manteve a ordem e distribuiu renda conquistou o segmento do “subproletariado”: trabalhadores que não tinham carteira assinada e que votaram maciçamente no PT nas eleições de 2006.

Lula ganhou a eleição de 2006 por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB – um número próximo do observado em 2002. Mas, para Singer, “essa semelhança é superficial”: “Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”
Singer foi também, durante o primeiro mandato de Lula, porta-voz da Presidência. Em entrevista ao UOL Notícias e a Joaquim Toledo Jr., editor da revista “Novos Estudos”, Singer falou sobre a mudança nessa base social de apoio de Lula, sobre o filme “Lula, o Filho do Brasil” e ainda sobre os principais pré-candidatos à Presidência da República.
Leia abaixo a opinião de Singer sobre os principais tópicos da entrevista.

O QUE É O LULISMO?
“O lulismo é o que a gente poderia chamar de movimento social que emerge na eleição de 2006, quando, na minha opínião, ocorreu um fenômeno de realinhamento eleitoral. O presidente Lula ganhou a eleição de 2006 no segundo turno por uma diferença de votos muito parecida com a que ele tinha recebido em 2002. Ganhou por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB. Na realidade, essa semelhança é superficial. Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”

QUEM SÃO OS ELEITORES DE LULA?
“Se a gente olha para a intenção de voto desagregada pela renda, são os eleitores de baixíssima renda. Esses são os eleitores que apoiaram o presidente Lula ainda no primeiro turno, quando o candidato do PSDB chegou perto de 40% teve uma votação expressiva no primeiro turno, o candidato Geraldo Alckmin, vindo a perder votos no segundo turno. Quem sustentou o presidente Lula desde o primeiro turno foram esses eleitores de baixíssima renda. Ocorre que historicamente esses eleitores sempre estiveram afastados da candidatura de Lula à presidência da República e do PT. O eleitorado tradicional do PT é um eleitorado de classe média, se nós considerarmos a parte formalizada da classe trabalhadora como classe média. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes, que é ver que no Brasil nós temos um conjunto de trabalhadores que estão aquém do proletariado - estou usando um conceito do professor Paul Singer de subproletariado para designar essa camada que veio a apoiar Lula e que nunca havia apoiado desde que ele concorre à Presidência da República, em 1989.”

SEM SE FAZER NOTAR
“Ocorreu um duplo fenômeno. Esse setor que veio aderir ao presidente Lula é um setor da sociedade que está na base da pirâmide social e, nessa medida, ele fica distante dos analistas políticos. Os analistas políticos, de uma maneira geral, são gente de classe média, que tem dificuldade de perceber os movimentos moleculares que ocorrem na base da sociedade. Um outro aspecto é que esse fenômeno veio provavelmente se configurando ao longo do ano de 2005, quando ocorreu a chamada crise do mensalão, e as atenções do mundo político estavam voltadas para o mensalão, ao mesmo tempo em que na base da sociedade começava a ocorrer um fenômeno de adesão ao presidente Lula, que não foi percebido a não ser quando ele já estava se expressando eleitoralmente, perto da campanha eleitoral de 2006.”

O QUE LEVOU AO LULISMO?
“Houve a execução de um programa que, simultaneamente, manteve a ordem - e a manutenção da ordem é uma aspiração deste eleitorado, por razões que não são difíceis de compreender... Vou recuar um pouquinho. Se a gente lembrar como foi a formação do PT, o PT foi um partido que se construiu sobre a ideia de que a luta de classes deveria ocupar o primeiro lugar na cena política. E a luta de classes é, por definição, um conflito social, que ameaça a ordem. Então o PT, que procurou construir uma organização autônoma da classe trabalhadora, se ergueu sobre a ideia e sobre a prática, porque foi um período de greves muito intensas, de que o conflito era positivo. Esse setor do eleitorado tem dificuldade para aceder a essa compreensão até porque é um setor que não pode se organizar, por exemplo, não participa de sindicato, porque não é formalizado. Está aquém das condições de participação da luta de classes. Então, para esse setor, a manutenção da ordem é um valor. Simultaneamente a isso [à manutenção da ordem], o governo Lula promoveu uma série de programas que, no seu conjunto, fizeram com que a qualidade de vida deste setor tivesse uma mudança positiva importante. Se a gente for pegar cada programa isoladamente, ele não talvez represente essa mudança. Mas se olharmos para o conjunto do Bolsa Família, dos aumentos do salário mínimo, da redução do custo da cesta básica e de dezenas de programas focalizados, como Luz para Todos, regularização de terras de quilombolas, construção de cisternas no semi-árido... Se reunirmos esse conjunto, a gente vai observar que o governo executou um conjunto de políticas que transformou a vida de milhões de pessoas que pertencem a esse setor que depois veio a aderir ao presidente Lula.”

CONSERVADORISMO ‘SUI GENERIS’
“É preciso compreender bem o que é a natureza desse conservadorismo. Ele é um conservadorismo muito "sui generis". Ele é ao mesmo tempo conservador e não conservador. Ele é conservador num aspecto: ele recusa o conflito social. Ele quer mudanças dentro da ordem, mas ele quer mudanças. Esse setor do eleitorado apoia vigorosamente a intervenção do Estado na economia, por exemplo. Se a gente entender essa dialética, há uma transformação na qualidade do voto, a partir da adesão ao presidente Lula, o centro e a direita não podem mais fazer o discurso que foi muito eficiente da eleição de 1989 até a eleição de 2002, a de que Lula e o PT representam desordem. Esse tipo de eixo foi quebrado.”

DESPOLITIZAÇÃO E ‘SUBPERONISMO
“Acho que há uma repolitização em bases novas. O professor Francisco de Oliveira tem razão ao assinalar que há um fenômeno novo. Por que é novo? Por que o lulismo mistura elementos de esquerda e de direita. Nesse sentido ele reembaralha as cartas ideológicas de uma maneira nova, e obriga tanto o centro quanto a esquerda e a direita a se reposicionarem diante de uma articulação ideológica e social diferente. Com relação à questão do subperonismo, acho que estamos numa fase de transição, em que não sabemos em que forma política essa força social vai se cristalizar. Eu diria que existe uma possibilidade de que ela cristalize no próprio PT. Acho que ainda é cedo para a gente falar em modelos antigos.”

’LEALDADE’ AO LULISMO
“O fenômeno do lulismo, se a minha hipótese estiver correta, é que as pessoas que mudaram de condição de vida e identificaram essa mudança com um projeto político encabeçado pelo presidente Lula devem se manter leais a esse projeto. Essa seria uma possibilidade, mas é claro que a história vai se construindo de uma maneira inesperada.”

18 BRUMÁRIO DE LULA
“Do mesmo modo como Marx, ao tentar explicar a ascensão do Luís Bonaparte - ninguém esperava que Luís Bonaparte ganhasse as eleições de 2 de dezembro de 1848. Ganhou para surpresa de todos analistas. Essa é a meu ver a genialidade do Marx, ter percebido que ele recebeu os votos de uma parcela enorme da população francesa que tinha dificuldades estruturais para se organizar. Hoje eles estão organizados, naquele momento era muito difícil. Eu fiquei pensando nesses trabalhadores que vivem na informalidade no Brasil, que vivem no setor de serviços, ora estão empregados, ora desempregados, muito em empregos domésticos, que têm muita dificuldade em se expressar. Eles têm de expressar suas aspirações a partir de cima, de alguém que venha de cima. E num certo sentido eles recusam essa organização eleitoralmente, ao não votar no Lula e no PT até 2002. Até eles terem a certeza da ordem.”

O PT É REFÉM DO LULISMO?
“Max Weber viu isso com clareza quase cem anos atrás: em democracias presidencialistas, uma liderança carismática, como é o caso do presidente Lula, que tem muita expressão eleitoral, ela se torna uma força enorme dentro do partido que tem vocação eleitoral. O partido fica observando qual é a direção que essa liderança vai dar. Esse é um fenômeno que não tem novidade em relação a isso, sobretudo nas democracias presidencialistas. O presidente Lula tem um peso enorme dentro do PT.”

"LULA, O FILHO DO BRASIL"
“Ouvi que as índices de público no Nordeste eram muito mais altos que no Sudeste. Acho que isso corresponde um pouco a essa nova divisão política que emergiu da eleição de 2006. Se a hipótese desse realinhamento do subproletariado estiver correta, ela explica a força do lulismo no Nordeste. É que o Nordeste é o coração social, cultural e político do subproletariado. Boa parte das pessoas que estão nessa condição nas periferias do Sudeste vieram do Nordeste. Provavelmente o filme está correspondendo às expectativas onde o lulismo é mais forte.”

MÍDIA E LULA, MÍDIA E FHC
“Eu tenho evitado se manifestar sobre a mídia. Sou jornalista profissional, não estou exercendo a profissão neste momento, mas trabalhei quase 30 anos como jornalista. Nesse sentido eu tive uma vivência da mídia por dentro. Para não simplesmente dar uma impressão subjetiva de pouco valor, eu teria de estudar. Eu acho que é uma pergunta que está no ar. Eu conheço alguns estudos que mostrem em 2006 por parte de certos veículos uma certa tendência contra Lula e contra o PT. Mas não eu não conheço nenhum estudo comparativo que mostre de maneira inequívoca essa comparação, como foi o comportamento do veículo A, B e C no governo Lula e no governo FHC.”

POLARIZAÇÃO
“Concordo que o corte "ordem-desordem" não está na pauta, ele foi de certa maneira superado, mas ele poderá voltar em outra conjuntura. Porque nós não sabemos os limites da possibilidade da continuação da distribuição de renda dentro desse modelo. Porque este é um modelo, que permitiu a execução dessas políticas distributivas mantendo certas linhas mestras da política econômica anterior. O que está dado é que a oposição não tem neste momento um discurso novo e acredito que se as condições atuais que estamos vendo agora, vamos ter dois candidatos tentando dizer que um é melhor que outro para dar continuidade. Um governo que tem 70% de aprovação, significa que o eleitorado quer que esta linha geral continue. Os dois candidatos vão tentar dizer que um é melhor que outro. A oposição vai ter de tentar mostrar isso: que tem o melhor candidato para dar continuidade às políticas deste governo. O problema é que isso é contraintuitivo.”

SERRA (PSDB)
“O governador Serra é um político muito experiente, já disputou a presidência, muito conhecido no Brasil todo. Ele está à frente neste momento porque ele é a figura mais conhecida. Acho que ele está numa situação em que ele não pode se opor frontalmente ao presidente Lula e provavelmente o que ele procurará fazer é mostrar que ele será o melhor continuador dessas políticas e não a ministra Dilma.”

DILMA (PT)
“É a candidata deste governo que está com 70%, portanto ela deverá naturalmente ter o voto de uma parte significativa desses eleitores que querem a continuidade.”

CIRO GOMES (PSB)
“Ele tem uma característica que eu acho interessante: procurar debater projetos para o Brasil. Nós estamos vivendo uma etapa de rearrumação dos partidos políticos. E essa rearrumação está deixando um pouquinho de lado a discussão programática. Acho que ele tem esse diferencial em relação a outros políticos brasileiros. Acho que seria muito interessante que o PT abrisse uma temporada de conversas com partidos de centro-esquerda como é o caso do PSB do ministro Ciro Gomes para tentar estabelecer uma plataforma e apresente para o país um projeto de aprofundamento dessas mudanças feitas no governo Lula.”

MARINA SILVA (PV)
“A senadora Marina Silva é uma figura humana de primeiríssima grandeza e que tem uma espécie de respeito generalizado em todo o mundo político. A disposição dela de se candidatar já produziu um efeito positivo, já obrigou os outros candidatos a falarem mais da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Evidentemente será uma candidatura minoritária, ela não tem condição de aspirar a uma condição majoritária, mas ela tem condições de ser o fiel da balança num eventual segundo turno.”

PSOL
“Eu acho que a candidatura da senadora Heloísa Helena em 2006 se beneficiou muito da crise de 2005, do mensalão. Este é um episódio eleitoralmente superado. A situação atual do PSOL é muito diferente daquela de 2006. Na verdade, o PSOL está diante de uma situação que é a necessidade de a esquerda se recolocar diante de um cenário novo. A esquerda não pode ficar simplesmente na oposição a um governo que fez essa distribuição de renda. Pode criticar os aspectos conservadores, mas não pode se opor totalmente a este governo. O PSOL está diante deste dilema, que é como a esquerda vai se posicionar diante
de um cenário novo.”

Crise do mensalão ajudou a esconder o surgimento do lulismo

 

DATA: Quinta-Feira, 28 de Janeiro de 2010

Na edição mais recente da revista “Novos Estudos”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o cientista político e jornalista André Singer, professor da Universidade de São Paulo, publicou o artigo “Razões Sociais e Ideológicas do Lulismo”, em que discute a emergência desta nova base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou visível nas eleições de 2006.

O ano de 2010 é o último ano de Lula, eleito em 2002 e reeleito em 2006, à frente da Presidência da República. Passados esses anos todos, o presidente é o mesmo – mas o eleitorado mudou. Esse fenômeno tem sido chamado “lulismo” pelos cientistas políticos e sociólogos na análise da política brasileira.

Há quem veja no processo uma despolitização, como é o caso do sociólogo Francisco de Oliveira. O ex-presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo comparando o processo ao peronismo argentino.

Para André Singer, Lula, com uma política ao mesmo tempo manteve a ordem e distribuiu renda conquistou o segmento do “subproletariado”: trabalhadores que não tinham carteira assinada e que votaram maciçamente no PT nas eleições de 2006.

Lula ganhou a eleição de 2006 por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB – um número próximo do observado em 2002. Mas, para Singer, “essa semelhança é superficial”: “Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”
Singer foi também, durante o primeiro mandato de Lula, porta-voz da Presidência. Em entrevista ao UOL Notícias e a Joaquim Toledo Jr., editor da revista “Novos Estudos”, Singer falou sobre a mudança nessa base social de apoio de Lula, sobre o filme “Lula, o Filho do Brasil” e ainda sobre os principais pré-candidatos à Presidência da República.
Leia abaixo a opinião de Singer sobre os principais tópicos da entrevista.

O QUE É O LULISMO?
“O lulismo é o que a gente poderia chamar de movimento social que emerge na eleição de 2006, quando, na minha opínião, ocorreu um fenômeno de realinhamento eleitoral. O presidente Lula ganhou a eleição de 2006 no segundo turno por uma diferença de votos muito parecida com a que ele tinha recebido em 2002. Ganhou por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB. Na realidade, essa semelhança é superficial. Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”

QUEM SÃO OS ELEITORES DE LULA?
“Se a gente olha para a intenção de voto desagregada pela renda, são os eleitores de baixíssima renda. Esses são os eleitores que apoiaram o presidente Lula ainda no primeiro turno, quando o candidato do PSDB chegou perto de 40% teve uma votação expressiva no primeiro turno, o candidato Geraldo Alckmin, vindo a perder votos no segundo turno. Quem sustentou o presidente Lula desde o primeiro turno foram esses eleitores de baixíssima renda. Ocorre que historicamente esses eleitores sempre estiveram afastados da candidatura de Lula à presidência da República e do PT. O eleitorado tradicional do PT é um eleitorado de classe média, se nós considerarmos a parte formalizada da classe trabalhadora como classe média. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes, que é ver que no Brasil nós temos um conjunto de trabalhadores que estão aquém do proletariado - estou usando um conceito do professor Paul Singer de subproletariado para designar essa camada que veio a apoiar Lula e que nunca havia apoiado desde que ele concorre à Presidência da República, em 1989.”

SEM SE FAZER NOTAR
“Ocorreu um duplo fenômeno. Esse setor que veio aderir ao presidente Lula é um setor da sociedade que está na base da pirâmide social e, nessa medida, ele fica distante dos analistas políticos. Os analistas políticos, de uma maneira geral, são gente de classe média, que tem dificuldade de perceber os movimentos moleculares que ocorrem na base da sociedade. Um outro aspecto é que esse fenômeno veio provavelmente se configurando ao longo do ano de 2005, quando ocorreu a chamada crise do mensalão, e as atenções do mundo político estavam voltadas para o mensalão, ao mesmo tempo em que na base da sociedade começava a ocorrer um fenômeno de adesão ao presidente Lula, que não foi percebido a não ser quando ele já estava se expressando eleitoralmente, perto da campanha eleitoral de 2006.”

O QUE LEVOU AO LULISMO?
“Houve a execução de um programa que, simultaneamente, manteve a ordem - e a manutenção da ordem é uma aspiração deste eleitorado, por razões que não são difíceis de compreender... Vou recuar um pouquinho. Se a gente lembrar como foi a formação do PT, o PT foi um partido que se construiu sobre a ideia de que a luta de classes deveria ocupar o primeiro lugar na cena política. E a luta de classes é, por definição, um conflito social, que ameaça a ordem. Então o PT, que procurou construir uma organização autônoma da classe trabalhadora, se ergueu sobre a ideia e sobre a prática, porque foi um período de greves muito intensas, de que o conflito era positivo. Esse setor do eleitorado tem dificuldade para aceder a essa compreensão até porque é um setor que não pode se organizar, por exemplo, não participa de sindicato, porque não é formalizado. Está aquém das condições de participação da luta de classes. Então, para esse setor, a manutenção da ordem é um valor. Simultaneamente a isso [à manutenção da ordem], o governo Lula promoveu uma série de programas que, no seu conjunto, fizeram com que a qualidade de vida deste setor tivesse uma mudança positiva importante. Se a gente for pegar cada programa isoladamente, ele não talvez represente essa mudança. Mas se olharmos para o conjunto do Bolsa Família, dos aumentos do salário mínimo, da redução do custo da cesta básica e de dezenas de programas focalizados, como Luz para Todos, regularização de terras de quilombolas, construção de cisternas no semi-árido... Se reunirmos esse conjunto, a gente vai observar que o governo executou um conjunto de políticas que transformou a vida de milhões de pessoas que pertencem a esse setor que depois veio a aderir ao presidente Lula.”

CONSERVADORISMO ‘SUI GENERIS’
“É preciso compreender bem o que é a natureza desse conservadorismo. Ele é um conservadorismo muito "sui generis". Ele é ao mesmo tempo conservador e não conservador. Ele é conservador num aspecto: ele recusa o conflito social. Ele quer mudanças dentro da ordem, mas ele quer mudanças. Esse setor do eleitorado apoia vigorosamente a intervenção do Estado na economia, por exemplo. Se a gente entender essa dialética, há uma transformação na qualidade do voto, a partir da adesão ao presidente Lula, o centro e a direita não podem mais fazer o discurso que foi muito eficiente da eleição de 1989 até a eleição de 2002, a de que Lula e o PT representam desordem. Esse tipo de eixo foi quebrado.”

DESPOLITIZAÇÃO E ‘SUBPERONISMO
“Acho que há uma repolitização em bases novas. O professor Francisco de Oliveira tem razão ao assinalar que há um fenômeno novo. Por que é novo? Por que o lulismo mistura elementos de esquerda e de direita. Nesse sentido ele reembaralha as cartas ideológicas de uma maneira nova, e obriga tanto o centro quanto a esquerda e a direita a se reposicionarem diante de uma articulação ideológica e social diferente. Com relação à questão do subperonismo, acho que estamos numa fase de transição, em que não sabemos em que forma política essa força social vai se cristalizar. Eu diria que existe uma possibilidade de que ela cristalize no próprio PT. Acho que ainda é cedo para a gente falar em modelos antigos.”

’LEALDADE’ AO LULISMO
“O fenômeno do lulismo, se a minha hipótese estiver correta, é que as pessoas que mudaram de condição de vida e identificaram essa mudança com um projeto político encabeçado pelo presidente Lula devem se manter leais a esse projeto. Essa seria uma possibilidade, mas é claro que a história vai se construindo de uma maneira inesperada.”

18 BRUMÁRIO DE LULA
“Do mesmo modo como Marx, ao tentar explicar a ascensão do Luís Bonaparte - ninguém esperava que Luís Bonaparte ganhasse as eleições de 2 de dezembro de 1848. Ganhou para surpresa de todos analistas. Essa é a meu ver a genialidade do Marx, ter percebido que ele recebeu os votos de uma parcela enorme da população francesa que tinha dificuldades estruturais para se organizar. Hoje eles estão organizados, naquele momento era muito difícil. Eu fiquei pensando nesses trabalhadores que vivem na informalidade no Brasil, que vivem no setor de serviços, ora estão empregados, ora desempregados, muito em empregos domésticos, que têm muita dificuldade em se expressar. Eles têm de expressar suas aspirações a partir de cima, de alguém que venha de cima. E num certo sentido eles recusam essa organização eleitoralmente, ao não votar no Lula e no PT até 2002. Até eles terem a certeza da ordem.”

O PT É REFÉM DO LULISMO?
“Max Weber viu isso com clareza quase cem anos atrás: em democracias presidencialistas, uma liderança carismática, como é o caso do presidente Lula, que tem muita expressão eleitoral, ela se torna uma força enorme dentro do partido que tem vocação eleitoral. O partido fica observando qual é a direção que essa liderança vai dar. Esse é um fenômeno que não tem novidade em relação a isso, sobretudo nas democracias presidencialistas. O presidente Lula tem um peso enorme dentro do PT.”

"LULA, O FILHO DO BRASIL"
“Ouvi que as índices de público no Nordeste eram muito mais altos que no Sudeste. Acho que isso corresponde um pouco a essa nova divisão política que emergiu da eleição de 2006. Se a hipótese desse realinhamento do subproletariado estiver correta, ela explica a força do lulismo no Nordeste. É que o Nordeste é o coração social, cultural e político do subproletariado. Boa parte das pessoas que estão nessa condição nas periferias do Sudeste vieram do Nordeste. Provavelmente o filme está correspondendo às expectativas onde o lulismo é mais forte.”

MÍDIA E LULA, MÍDIA E FHC
“Eu tenho evitado se manifestar sobre a mídia. Sou jornalista profissional, não estou exercendo a profissão neste momento, mas trabalhei quase 30 anos como jornalista. Nesse sentido eu tive uma vivência da mídia por dentro. Para não simplesmente dar uma impressão subjetiva de pouco valor, eu teria de estudar. Eu acho que é uma pergunta que está no ar. Eu conheço alguns estudos que mostrem em 2006 por parte de certos veículos uma certa tendência contra Lula e contra o PT. Mas não eu não conheço nenhum estudo comparativo que mostre de maneira inequívoca essa comparação, como foi o comportamento do veículo A, B e C no governo Lula e no governo FHC.”

POLARIZAÇÃO
“Concordo que o corte "ordem-desordem" não está na pauta, ele foi de certa maneira superado, mas ele poderá voltar em outra conjuntura. Porque nós não sabemos os limites da possibilidade da continuação da distribuição de renda dentro desse modelo. Porque este é um modelo, que permitiu a execução dessas políticas distributivas mantendo certas linhas mestras da política econômica anterior. O que está dado é que a oposição não tem neste momento um discurso novo e acredito que se as condições atuais que estamos vendo agora, vamos ter dois candidatos tentando dizer que um é melhor que outro para dar continuidade. Um governo que tem 70% de aprovação, significa que o eleitorado quer que esta linha geral continue. Os dois candidatos vão tentar dizer que um é melhor que outro. A oposição vai ter de tentar mostrar isso: que tem o melhor candidato para dar continuidade às políticas deste governo. O problema é que isso é contraintuitivo.”

SERRA (PSDB)
“O governador Serra é um político muito experiente, já disputou a presidência, muito conhecido no Brasil todo. Ele está à frente neste momento porque ele é a figura mais conhecida. Acho que ele está numa situação em que ele não pode se opor frontalmente ao presidente Lula e provavelmente o que ele procurará fazer é mostrar que ele será o melhor continuador dessas políticas e não a ministra Dilma.”

DILMA (PT)
“É a candidata deste governo que está com 70%, portanto ela deverá naturalmente ter o voto de uma parte significativa desses eleitores que querem a continuidade.”

CIRO GOMES (PSB)
“Ele tem uma característica que eu acho interessante: procurar debater projetos para o Brasil. Nós estamos vivendo uma etapa de rearrumação dos partidos políticos. E essa rearrumação está deixando um pouquinho de lado a discussão programática. Acho que ele tem esse diferencial em relação a outros políticos brasileiros. Acho que seria muito interessante que o PT abrisse uma temporada de conversas com partidos de centro-esquerda como é o caso do PSB do ministro Ciro Gomes para tentar estabelecer uma plataforma e apresente para o país um projeto de aprofundamento dessas mudanças feitas no governo Lula.”

MARINA SILVA (PV)
“A senadora Marina Silva é uma figura humana de primeiríssima grandeza e que tem uma espécie de respeito generalizado em todo o mundo político. A disposição dela de se candidatar já produziu um efeito positivo, já obrigou os outros candidatos a falarem mais da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Evidentemente será uma candidatura minoritária, ela não tem condição de aspirar a uma condição majoritária, mas ela tem condições de ser o fiel da balança num eventual segundo turno.”

PSOL
“Eu acho que a candidatura da senadora Heloísa Helena em 2006 se beneficiou muito da crise de 2005, do mensalão. Este é um episódio eleitoralmente superado. A situação atual do PSOL é muito diferente daquela de 2006. Na verdade, o PSOL está diante de uma situação que é a necessidade de a esquerda se recolocar diante de um cenário novo. A esquerda não pode ficar simplesmente na oposição a um governo que fez essa distribuição de renda. Pode criticar os aspectos conservadores, mas não pode se opor totalmente a este governo. O PSOL está diante deste dilema, que é como a esquerda vai se posicionar diante
de um cenário novo.”

Crise do mensalão ajudou a esconder o surgimento do lulismo

 

DATA: Quinta-Feira, 28 de Janeiro de 2010

Na edição mais recente da revista “Novos Estudos”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o cientista político e jornalista André Singer, professor da Universidade de São Paulo, publicou o artigo “Razões Sociais e Ideológicas do Lulismo”, em que discute a emergência desta nova base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou visível nas eleições de 2006.

O ano de 2010 é o último ano de Lula, eleito em 2002 e reeleito em 2006, à frente da Presidência da República. Passados esses anos todos, o presidente é o mesmo – mas o eleitorado mudou. Esse fenômeno tem sido chamado “lulismo” pelos cientistas políticos e sociólogos na análise da política brasileira.

Há quem veja no processo uma despolitização, como é o caso do sociólogo Francisco de Oliveira. O ex-presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo comparando o processo ao peronismo argentino.

Para André Singer, Lula, com uma política ao mesmo tempo manteve a ordem e distribuiu renda conquistou o segmento do “subproletariado”: trabalhadores que não tinham carteira assinada e que votaram maciçamente no PT nas eleições de 2006.

Lula ganhou a eleição de 2006 por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB – um número próximo do observado em 2002. Mas, para Singer, “essa semelhança é superficial”: “Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”
Singer foi também, durante o primeiro mandato de Lula, porta-voz da Presidência. Em entrevista ao UOL Notícias e a Joaquim Toledo Jr., editor da revista “Novos Estudos”, Singer falou sobre a mudança nessa base social de apoio de Lula, sobre o filme “Lula, o Filho do Brasil” e ainda sobre os principais pré-candidatos à Presidência da República.
Leia abaixo a opinião de Singer sobre os principais tópicos da entrevista.

O QUE É O LULISMO?
“O lulismo é o que a gente poderia chamar de movimento social que emerge na eleição de 2006, quando, na minha opínião, ocorreu um fenômeno de realinhamento eleitoral. O presidente Lula ganhou a eleição de 2006 no segundo turno por uma diferença de votos muito parecida com a que ele tinha recebido em 2002. Ganhou por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB. Na realidade, essa semelhança é superficial. Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”

QUEM SÃO OS ELEITORES DE LULA?
“Se a gente olha para a intenção de voto desagregada pela renda, são os eleitores de baixíssima renda. Esses são os eleitores que apoiaram o presidente Lula ainda no primeiro turno, quando o candidato do PSDB chegou perto de 40% teve uma votação expressiva no primeiro turno, o candidato Geraldo Alckmin, vindo a perder votos no segundo turno. Quem sustentou o presidente Lula desde o primeiro turno foram esses eleitores de baixíssima renda. Ocorre que historicamente esses eleitores sempre estiveram afastados da candidatura de Lula à presidência da República e do PT. O eleitorado tradicional do PT é um eleitorado de classe média, se nós considerarmos a parte formalizada da classe trabalhadora como classe média. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes, que é ver que no Brasil nós temos um conjunto de trabalhadores que estão aquém do proletariado - estou usando um conceito do professor Paul Singer de subproletariado para designar essa camada que veio a apoiar Lula e que nunca havia apoiado desde que ele concorre à Presidência da República, em 1989.”

SEM SE FAZER NOTAR
“Ocorreu um duplo fenômeno. Esse setor que veio aderir ao presidente Lula é um setor da sociedade que está na base da pirâmide social e, nessa medida, ele fica distante dos analistas políticos. Os analistas políticos, de uma maneira geral, são gente de classe média, que tem dificuldade de perceber os movimentos moleculares que ocorrem na base da sociedade. Um outro aspecto é que esse fenômeno veio provavelmente se configurando ao longo do ano de 2005, quando ocorreu a chamada crise do mensalão, e as atenções do mundo político estavam voltadas para o mensalão, ao mesmo tempo em que na base da sociedade começava a ocorrer um fenômeno de adesão ao presidente Lula, que não foi percebido a não ser quando ele já estava se expressando eleitoralmente, perto da campanha eleitoral de 2006.”

O QUE LEVOU AO LULISMO?
“Houve a execução de um programa que, simultaneamente, manteve a ordem - e a manutenção da ordem é uma aspiração deste eleitorado, por razões que não são difíceis de compreender... Vou recuar um pouquinho. Se a gente lembrar como foi a formação do PT, o PT foi um partido que se construiu sobre a ideia de que a luta de classes deveria ocupar o primeiro lugar na cena política. E a luta de classes é, por definição, um conflito social, que ameaça a ordem. Então o PT, que procurou construir uma organização autônoma da classe trabalhadora, se ergueu sobre a ideia e sobre a prática, porque foi um período de greves muito intensas, de que o conflito era positivo. Esse setor do eleitorado tem dificuldade para aceder a essa compreensão até porque é um setor que não pode se organizar, por exemplo, não participa de sindicato, porque não é formalizado. Está aquém das condições de participação da luta de classes. Então, para esse setor, a manutenção da ordem é um valor. Simultaneamente a isso [à manutenção da ordem], o governo Lula promoveu uma série de programas que, no seu conjunto, fizeram com que a qualidade de vida deste setor tivesse uma mudança positiva importante. Se a gente for pegar cada programa isoladamente, ele não talvez represente essa mudança. Mas se olharmos para o conjunto do Bolsa Família, dos aumentos do salário mínimo, da redução do custo da cesta básica e de dezenas de programas focalizados, como Luz para Todos, regularização de terras de quilombolas, construção de cisternas no semi-árido... Se reunirmos esse conjunto, a gente vai observar que o governo executou um conjunto de políticas que transformou a vida de milhões de pessoas que pertencem a esse setor que depois veio a aderir ao presidente Lula.”

CONSERVADORISMO ‘SUI GENERIS’
“É preciso compreender bem o que é a natureza desse conservadorismo. Ele é um conservadorismo muito "sui generis". Ele é ao mesmo tempo conservador e não conservador. Ele é conservador num aspecto: ele recusa o conflito social. Ele quer mudanças dentro da ordem, mas ele quer mudanças. Esse setor do eleitorado apoia vigorosamente a intervenção do Estado na economia, por exemplo. Se a gente entender essa dialética, há uma transformação na qualidade do voto, a partir da adesão ao presidente Lula, o centro e a direita não podem mais fazer o discurso que foi muito eficiente da eleição de 1989 até a eleição de 2002, a de que Lula e o PT representam desordem. Esse tipo de eixo foi quebrado.”

DESPOLITIZAÇÃO E ‘SUBPERONISMO
“Acho que há uma repolitização em bases novas. O professor Francisco de Oliveira tem razão ao assinalar que há um fenômeno novo. Por que é novo? Por que o lulismo mistura elementos de esquerda e de direita. Nesse sentido ele reembaralha as cartas ideológicas de uma maneira nova, e obriga tanto o centro quanto a esquerda e a direita a se reposicionarem diante de uma articulação ideológica e social diferente. Com relação à questão do subperonismo, acho que estamos numa fase de transição, em que não sabemos em que forma política essa força social vai se cristalizar. Eu diria que existe uma possibilidade de que ela cristalize no próprio PT. Acho que ainda é cedo para a gente falar em modelos antigos.”

’LEALDADE’ AO LULISMO
“O fenômeno do lulismo, se a minha hipótese estiver correta, é que as pessoas que mudaram de condição de vida e identificaram essa mudança com um projeto político encabeçado pelo presidente Lula devem se manter leais a esse projeto. Essa seria uma possibilidade, mas é claro que a história vai se construindo de uma maneira inesperada.”

18 BRUMÁRIO DE LULA
“Do mesmo modo como Marx, ao tentar explicar a ascensão do Luís Bonaparte - ninguém esperava que Luís Bonaparte ganhasse as eleições de 2 de dezembro de 1848. Ganhou para surpresa de todos analistas. Essa é a meu ver a genialidade do Marx, ter percebido que ele recebeu os votos de uma parcela enorme da população francesa que tinha dificuldades estruturais para se organizar. Hoje eles estão organizados, naquele momento era muito difícil. Eu fiquei pensando nesses trabalhadores que vivem na informalidade no Brasil, que vivem no setor de serviços, ora estão empregados, ora desempregados, muito em empregos domésticos, que têm muita dificuldade em se expressar. Eles têm de expressar suas aspirações a partir de cima, de alguém que venha de cima. E num certo sentido eles recusam essa organização eleitoralmente, ao não votar no Lula e no PT até 2002. Até eles terem a certeza da ordem.”

O PT É REFÉM DO LULISMO?
“Max Weber viu isso com clareza quase cem anos atrás: em democracias presidencialistas, uma liderança carismática, como é o caso do presidente Lula, que tem muita expressão eleitoral, ela se torna uma força enorme dentro do partido que tem vocação eleitoral. O partido fica observando qual é a direção que essa liderança vai dar. Esse é um fenômeno que não tem novidade em relação a isso, sobretudo nas democracias presidencialistas. O presidente Lula tem um peso enorme dentro do PT.”

"LULA, O FILHO DO BRASIL"
“Ouvi que as índices de público no Nordeste eram muito mais altos que no Sudeste. Acho que isso corresponde um pouco a essa nova divisão política que emergiu da eleição de 2006. Se a hipótese desse realinhamento do subproletariado estiver correta, ela explica a força do lulismo no Nordeste. É que o Nordeste é o coração social, cultural e político do subproletariado. Boa parte das pessoas que estão nessa condição nas periferias do Sudeste vieram do Nordeste. Provavelmente o filme está correspondendo às expectativas onde o lulismo é mais forte.”

MÍDIA E LULA, MÍDIA E FHC
“Eu tenho evitado se manifestar sobre a mídia. Sou jornalista profissional, não estou exercendo a profissão neste momento, mas trabalhei quase 30 anos como jornalista. Nesse sentido eu tive uma vivência da mídia por dentro. Para não simplesmente dar uma impressão subjetiva de pouco valor, eu teria de estudar. Eu acho que é uma pergunta que está no ar. Eu conheço alguns estudos que mostrem em 2006 por parte de certos veículos uma certa tendência contra Lula e contra o PT. Mas não eu não conheço nenhum estudo comparativo que mostre de maneira inequívoca essa comparação, como foi o comportamento do veículo A, B e C no governo Lula e no governo FHC.”

POLARIZAÇÃO
“Concordo que o corte "ordem-desordem" não está na pauta, ele foi de certa maneira superado, mas ele poderá voltar em outra conjuntura. Porque nós não sabemos os limites da possibilidade da continuação da distribuição de renda dentro desse modelo. Porque este é um modelo, que permitiu a execução dessas políticas distributivas mantendo certas linhas mestras da política econômica anterior. O que está dado é que a oposição não tem neste momento um discurso novo e acredito que se as condições atuais que estamos vendo agora, vamos ter dois candidatos tentando dizer que um é melhor que outro para dar continuidade. Um governo que tem 70% de aprovação, significa que o eleitorado quer que esta linha geral continue. Os dois candidatos vão tentar dizer que um é melhor que outro. A oposição vai ter de tentar mostrar isso: que tem o melhor candidato para dar continuidade às políticas deste governo. O problema é que isso é contraintuitivo.”

SERRA (PSDB)
“O governador Serra é um político muito experiente, já disputou a presidência, muito conhecido no Brasil todo. Ele está à frente neste momento porque ele é a figura mais conhecida. Acho que ele está numa situação em que ele não pode se opor frontalmente ao presidente Lula e provavelmente o que ele procurará fazer é mostrar que ele será o melhor continuador dessas políticas e não a ministra Dilma.”

DILMA (PT)
“É a candidata deste governo que está com 70%, portanto ela deverá naturalmente ter o voto de uma parte significativa desses eleitores que querem a continuidade.”

CIRO GOMES (PSB)
“Ele tem uma característica que eu acho interessante: procurar debater projetos para o Brasil. Nós estamos vivendo uma etapa de rearrumação dos partidos políticos. E essa rearrumação está deixando um pouquinho de lado a discussão programática. Acho que ele tem esse diferencial em relação a outros políticos brasileiros. Acho que seria muito interessante que o PT abrisse uma temporada de conversas com partidos de centro-esquerda como é o caso do PSB do ministro Ciro Gomes para tentar estabelecer uma plataforma e apresente para o país um projeto de aprofundamento dessas mudanças feitas no governo Lula.”

MARINA SILVA (PV)
“A senadora Marina Silva é uma figura humana de primeiríssima grandeza e que tem uma espécie de respeito generalizado em todo o mundo político. A disposição dela de se candidatar já produziu um efeito positivo, já obrigou os outros candidatos a falarem mais da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Evidentemente será uma candidatura minoritária, ela não tem condição de aspirar a uma condição majoritária, mas ela tem condições de ser o fiel da balança num eventual segundo turno.”

PSOL
“Eu acho que a candidatura da senadora Heloísa Helena em 2006 se beneficiou muito da crise de 2005, do mensalão. Este é um episódio eleitoralmente superado. A situação atual do PSOL é muito diferente daquela de 2006. Na verdade, o PSOL está diante de uma situação que é a necessidade de a esquerda se recolocar diante de um cenário novo. A esquerda não pode ficar simplesmente na oposição a um governo que fez essa distribuição de renda. Pode criticar os aspectos conservadores, mas não pode se opor totalmente a este governo. O PSOL está diante deste dilema, que é como a esquerda vai se posicionar diante
de um cenário novo.”

Crise do mensalão ajudou a esconder o surgimento do lulismo

 

DATA: Quinta-Feira, 28 de Janeiro de 2010

Na edição mais recente da revista “Novos Estudos”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o cientista político e jornalista André Singer, professor da Universidade de São Paulo, publicou o artigo “Razões Sociais e Ideológicas do Lulismo”, em que discute a emergência desta nova base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou visível nas eleições de 2006.

O ano de 2010 é o último ano de Lula, eleito em 2002 e reeleito em 2006, à frente da Presidência da República. Passados esses anos todos, o presidente é o mesmo – mas o eleitorado mudou. Esse fenômeno tem sido chamado “lulismo” pelos cientistas políticos e sociólogos na análise da política brasileira.

Há quem veja no processo uma despolitização, como é o caso do sociólogo Francisco de Oliveira. O ex-presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo comparando o processo ao peronismo argentino.

Para André Singer, Lula, com uma política ao mesmo tempo manteve a ordem e distribuiu renda conquistou o segmento do “subproletariado”: trabalhadores que não tinham carteira assinada e que votaram maciçamente no PT nas eleições de 2006.

Lula ganhou a eleição de 2006 por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB – um número próximo do observado em 2002. Mas, para Singer, “essa semelhança é superficial”: “Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”
Singer foi também, durante o primeiro mandato de Lula, porta-voz da Presidência. Em entrevista ao UOL Notícias e a Joaquim Toledo Jr., editor da revista “Novos Estudos”, Singer falou sobre a mudança nessa base social de apoio de Lula, sobre o filme “Lula, o Filho do Brasil” e ainda sobre os principais pré-candidatos à Presidência da República.
Leia abaixo a opinião de Singer sobre os principais tópicos da entrevista.

O QUE É O LULISMO?
“O lulismo é o que a gente poderia chamar de movimento social que emerge na eleição de 2006, quando, na minha opínião, ocorreu um fenômeno de realinhamento eleitoral. O presidente Lula ganhou a eleição de 2006 no segundo turno por uma diferença de votos muito parecida com a que ele tinha recebido em 2002. Ganhou por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB. Na realidade, essa semelhança é superficial. Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”

QUEM SÃO OS ELEITORES DE LULA?
“Se a gente olha para a intenção de voto desagregada pela renda, são os eleitores de baixíssima renda. Esses são os eleitores que apoiaram o presidente Lula ainda no primeiro turno, quando o candidato do PSDB chegou perto de 40% teve uma votação expressiva no primeiro turno, o candidato Geraldo Alckmin, vindo a perder votos no segundo turno. Quem sustentou o presidente Lula desde o primeiro turno foram esses eleitores de baixíssima renda. Ocorre que historicamente esses eleitores sempre estiveram afastados da candidatura de Lula à presidência da República e do PT. O eleitorado tradicional do PT é um eleitorado de classe média, se nós considerarmos a parte formalizada da classe trabalhadora como classe média. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes, que é ver que no Brasil nós temos um conjunto de trabalhadores que estão aquém do proletariado - estou usando um conceito do professor Paul Singer de subproletariado para designar essa camada que veio a apoiar Lula e que nunca havia apoiado desde que ele concorre à Presidência da República, em 1989.”

SEM SE FAZER NOTAR
“Ocorreu um duplo fenômeno. Esse setor que veio aderir ao presidente Lula é um setor da sociedade que está na base da pirâmide social e, nessa medida, ele fica distante dos analistas políticos. Os analistas políticos, de uma maneira geral, são gente de classe média, que tem dificuldade de perceber os movimentos moleculares que ocorrem na base da sociedade. Um outro aspecto é que esse fenômeno veio provavelmente se configurando ao longo do ano de 2005, quando ocorreu a chamada crise do mensalão, e as atenções do mundo político estavam voltadas para o mensalão, ao mesmo tempo em que na base da sociedade começava a ocorrer um fenômeno de adesão ao presidente Lula, que não foi percebido a não ser quando ele já estava se expressando eleitoralmente, perto da campanha eleitoral de 2006.”

O QUE LEVOU AO LULISMO?
“Houve a execução de um programa que, simultaneamente, manteve a ordem - e a manutenção da ordem é uma aspiração deste eleitorado, por razões que não são difíceis de compreender... Vou recuar um pouquinho. Se a gente lembrar como foi a formação do PT, o PT foi um partido que se construiu sobre a ideia de que a luta de classes deveria ocupar o primeiro lugar na cena política. E a luta de classes é, por definição, um conflito social, que ameaça a ordem. Então o PT, que procurou construir uma organização autônoma da classe trabalhadora, se ergueu sobre a ideia e sobre a prática, porque foi um período de greves muito intensas, de que o conflito era positivo. Esse setor do eleitorado tem dificuldade para aceder a essa compreensão até porque é um setor que não pode se organizar, por exemplo, não participa de sindicato, porque não é formalizado. Está aquém das condições de participação da luta de classes. Então, para esse setor, a manutenção da ordem é um valor. Simultaneamente a isso [à manutenção da ordem], o governo Lula promoveu uma série de programas que, no seu conjunto, fizeram com que a qualidade de vida deste setor tivesse uma mudança positiva importante. Se a gente for pegar cada programa isoladamente, ele não talvez represente essa mudança. Mas se olharmos para o conjunto do Bolsa Família, dos aumentos do salário mínimo, da redução do custo da cesta básica e de dezenas de programas focalizados, como Luz para Todos, regularização de terras de quilombolas, construção de cisternas no semi-árido... Se reunirmos esse conjunto, a gente vai observar que o governo executou um conjunto de políticas que transformou a vida de milhões de pessoas que pertencem a esse setor que depois veio a aderir ao presidente Lula.”

CONSERVADORISMO ‘SUI GENERIS’
“É preciso compreender bem o que é a natureza desse conservadorismo. Ele é um conservadorismo muito "sui generis". Ele é ao mesmo tempo conservador e não conservador. Ele é conservador num aspecto: ele recusa o conflito social. Ele quer mudanças dentro da ordem, mas ele quer mudanças. Esse setor do eleitorado apoia vigorosamente a intervenção do Estado na economia, por exemplo. Se a gente entender essa dialética, há uma transformação na qualidade do voto, a partir da adesão ao presidente Lula, o centro e a direita não podem mais fazer o discurso que foi muito eficiente da eleição de 1989 até a eleição de 2002, a de que Lula e o PT representam desordem. Esse tipo de eixo foi quebrado.”

DESPOLITIZAÇÃO E ‘SUBPERONISMO
“Acho que há uma repolitização em bases novas. O professor Francisco de Oliveira tem razão ao assinalar que há um fenômeno novo. Por que é novo? Por que o lulismo mistura elementos de esquerda e de direita. Nesse sentido ele reembaralha as cartas ideológicas de uma maneira nova, e obriga tanto o centro quanto a esquerda e a direita a se reposicionarem diante de uma articulação ideológica e social diferente. Com relação à questão do subperonismo, acho que estamos numa fase de transição, em que não sabemos em que forma política essa força social vai se cristalizar. Eu diria que existe uma possibilidade de que ela cristalize no próprio PT. Acho que ainda é cedo para a gente falar em modelos antigos.”

’LEALDADE’ AO LULISMO
“O fenômeno do lulismo, se a minha hipótese estiver correta, é que as pessoas que mudaram de condição de vida e identificaram essa mudança com um projeto político encabeçado pelo presidente Lula devem se manter leais a esse projeto. Essa seria uma possibilidade, mas é claro que a história vai se construindo de uma maneira inesperada.”

18 BRUMÁRIO DE LULA
“Do mesmo modo como Marx, ao tentar explicar a ascensão do Luís Bonaparte - ninguém esperava que Luís Bonaparte ganhasse as eleições de 2 de dezembro de 1848. Ganhou para surpresa de todos analistas. Essa é a meu ver a genialidade do Marx, ter percebido que ele recebeu os votos de uma parcela enorme da população francesa que tinha dificuldades estruturais para se organizar. Hoje eles estão organizados, naquele momento era muito difícil. Eu fiquei pensando nesses trabalhadores que vivem na informalidade no Brasil, que vivem no setor de serviços, ora estão empregados, ora desempregados, muito em empregos domésticos, que têm muita dificuldade em se expressar. Eles têm de expressar suas aspirações a partir de cima, de alguém que venha de cima. E num certo sentido eles recusam essa organização eleitoralmente, ao não votar no Lula e no PT até 2002. Até eles terem a certeza da ordem.”

O PT É REFÉM DO LULISMO?
“Max Weber viu isso com clareza quase cem anos atrás: em democracias presidencialistas, uma liderança carismática, como é o caso do presidente Lula, que tem muita expressão eleitoral, ela se torna uma força enorme dentro do partido que tem vocação eleitoral. O partido fica observando qual é a direção que essa liderança vai dar. Esse é um fenômeno que não tem novidade em relação a isso, sobretudo nas democracias presidencialistas. O presidente Lula tem um peso enorme dentro do PT.”

"LULA, O FILHO DO BRASIL"
“Ouvi que as índices de público no Nordeste eram muito mais altos que no Sudeste. Acho que isso corresponde um pouco a essa nova divisão política que emergiu da eleição de 2006. Se a hipótese desse realinhamento do subproletariado estiver correta, ela explica a força do lulismo no Nordeste. É que o Nordeste é o coração social, cultural e político do subproletariado. Boa parte das pessoas que estão nessa condição nas periferias do Sudeste vieram do Nordeste. Provavelmente o filme está correspondendo às expectativas onde o lulismo é mais forte.”

MÍDIA E LULA, MÍDIA E FHC
“Eu tenho evitado se manifestar sobre a mídia. Sou jornalista profissional, não estou exercendo a profissão neste momento, mas trabalhei quase 30 anos como jornalista. Nesse sentido eu tive uma vivência da mídia por dentro. Para não simplesmente dar uma impressão subjetiva de pouco valor, eu teria de estudar. Eu acho que é uma pergunta que está no ar. Eu conheço alguns estudos que mostrem em 2006 por parte de certos veículos uma certa tendência contra Lula e contra o PT. Mas não eu não conheço nenhum estudo comparativo que mostre de maneira inequívoca essa comparação, como foi o comportamento do veículo A, B e C no governo Lula e no governo FHC.”

POLARIZAÇÃO
“Concordo que o corte "ordem-desordem" não está na pauta, ele foi de certa maneira superado, mas ele poderá voltar em outra conjuntura. Porque nós não sabemos os limites da possibilidade da continuação da distribuição de renda dentro desse modelo. Porque este é um modelo, que permitiu a execução dessas políticas distributivas mantendo certas linhas mestras da política econômica anterior. O que está dado é que a oposição não tem neste momento um discurso novo e acredito que se as condições atuais que estamos vendo agora, vamos ter dois candidatos tentando dizer que um é melhor que outro para dar continuidade. Um governo que tem 70% de aprovação, significa que o eleitorado quer que esta linha geral continue. Os dois candidatos vão tentar dizer que um é melhor que outro. A oposição vai ter de tentar mostrar isso: que tem o melhor candidato para dar continuidade às políticas deste governo. O problema é que isso é contraintuitivo.”

SERRA (PSDB)
“O governador Serra é um político muito experiente, já disputou a presidência, muito conhecido no Brasil todo. Ele está à frente neste momento porque ele é a figura mais conhecida. Acho que ele está numa situação em que ele não pode se opor frontalmente ao presidente Lula e provavelmente o que ele procurará fazer é mostrar que ele será o melhor continuador dessas políticas e não a ministra Dilma.”

DILMA (PT)
“É a candidata deste governo que está com 70%, portanto ela deverá naturalmente ter o voto de uma parte significativa desses eleitores que querem a continuidade.”

CIRO GOMES (PSB)
“Ele tem uma característica que eu acho interessante: procurar debater projetos para o Brasil. Nós estamos vivendo uma etapa de rearrumação dos partidos políticos. E essa rearrumação está deixando um pouquinho de lado a discussão programática. Acho que ele tem esse diferencial em relação a outros políticos brasileiros. Acho que seria muito interessante que o PT abrisse uma temporada de conversas com partidos de centro-esquerda como é o caso do PSB do ministro Ciro Gomes para tentar estabelecer uma plataforma e apresente para o país um projeto de aprofundamento dessas mudanças feitas no governo Lula.”

MARINA SILVA (PV)
“A senadora Marina Silva é uma figura humana de primeiríssima grandeza e que tem uma espécie de respeito generalizado em todo o mundo político. A disposição dela de se candidatar já produziu um efeito positivo, já obrigou os outros candidatos a falarem mais da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Evidentemente será uma candidatura minoritária, ela não tem condição de aspirar a uma condição majoritária, mas ela tem condições de ser o fiel da balança num eventual segundo turno.”

PSOL
“Eu acho que a candidatura da senadora Heloísa Helena em 2006 se beneficiou muito da crise de 2005, do mensalão. Este é um episódio eleitoralmente superado. A situação atual do PSOL é muito diferente daquela de 2006. Na verdade, o PSOL está diante de uma situação que é a necessidade de a esquerda se recolocar diante de um cenário novo. A esquerda não pode ficar simplesmente na oposição a um governo que fez essa distribuição de renda. Pode criticar os aspectos conservadores, mas não pode se opor totalmente a este governo. O PSOL está diante deste dilema, que é como a esquerda vai se posicionar diante
de um cenário novo.”

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