Olympio Sotto Maior, chefe do ministério público estadual, dá entrevista à Gazeta do Povo. Fala da quase ida do MP à comissão da assembleia legislativa/tribunal de contas que investiga os funcionários fantasmas, absolve por antecipação o presidente da AL e discorre sobre seu papel no combate do nepotismo e seus parentes com cargos em comissão na AL.
Olympio é homem público e nós somos povo, ele tem responsabilidade pelo que diz e nós temos o dever cívico de questionar. Além disso Olympio é inteligente, habilidoso e astuto, tanto que chegou a procurador geral como promotor e reelegeu-se para o cargo, coisa rara na instituição. Portanto, vamos conferir.
1 – Olympio diz que Nelson Justus é inocente, que o presidente da AL não tem culpa na remuneração dos funcionários fantasmas. Mas Olympio não se sente na obrigação de nos obsequiar com a informação de quem é o culpado. Deve achar que isso não nos interessa, que nos contentamos com meia informação. Ora, na mais piedosa e infantil das hipóteses Nelson Justus é culpado por omissão: é deputado há quatro mandatos e presidente há dois. Olímpio sabe muito bem disso.
2 – Absolver Nelson Justus é um absurdo, vindo do chefe do MP, que existe para acusar, não para defender. Ao agir assim, Olympio reacende a suspeita sobre o MP de cima, aquele que amortece o contraditório. Entendo. Olympio tem que defender Nelson, pois estava metendo o MP na comissão AL/TC, que agora diz não fazer sentido. Faz questão de ignorar que o MP não entrou na comissão AL/TC porque o MP de baixo reagiu, mobilizado pelo promotor Fuad Faraj.
3 – Olympio se declara o paladino da luta antinepotismo no Paraná. Menos, menos. Olympio tem o mérito de não impedir que ela começasse pelo trabalho notável de uma promotora de Justiça, cujo nome escapa-me no momento. Só que Olympio não diz o que fez para que a luta tivesse desfecho na Justiça – para mexer com os nepotes de todos os poderes. A luta antinepotismo só atingiu Roberto Requião – o político que teve o menor índice de nepotismo na História do Paraná.
4 – O chefe do MP estadual diz que luta contra o nepotismo para honrar pai, irmão e sobrinhos, funcionários da AL há mais de 100 anos, em contagem pelo efeito cascata. Só não disse que o nepotismo assumiu escala industrial e requinte tecnológico no Paraná durante os mandatos de seu tio Antonio Rüppel como presidente da AL e do TC – onde empregou inúmeros parentes, que sem dúvida constituem - como o pai, irmão e sobrinhos de Olympio - exemplos de eficiência e probidade funcional. Mas entraram e permaneceram como parentes no serviço público.
Quando a gente começa a acreditar que Olympio Sotto Maior é um caso raro de transparência e idealismo na política, ele sai com aquela: “não houve nepotismo na nomeação de seus sobrinhos para cargos em comissão enquanto o irmão é diretor da AL. Eles foram nomeados por outros diretores”. Ora, Olympio, tenha a santa paciência.
FONTE: http://www.maxblog.com.br/default/?p=7276
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