Além do uso de combustíveis fósseis, a pecuária é uma das atividades que causam maior impacto ambiental no mundo todo, segundo um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Como forma de atenuar esse impacto, a pesquisa recomenda uma mudança radical da dieta alimentar da população.
Os autores de “Impactos ambientais do consumo e produção: produtos e materiais prioritários” disseram que ficaram surpresos com os resultados, e asseguraram que os dados são irrefutáveis.
O estudo foi preparado por 27 especialistas que constituem o Grupo Internacional para a Gestão Sustentável de Recursos e estabelece categorias sobre os produtos, materiais e atividades econômicas e sociais de acordo com seu impacto ambiental e sobre os recursos naturais.
Eles consideram especialmente preocupante a criação de animais para o consumo humano, que são alimentados com mais da metade de todos as plantações mundiais. A produção agrícola representa 70% do consumo de água doce e 38% do uso total do território. A produção de alimentos é responsável por 19% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, 60% da contaminação com fósforo e nitrogênio e 30% da contaminação tóxica na Europa.
Sangwon Suh, outro dos autores do estudo e professor da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA), ressaltou que o consumo de derivados de carnes está se transformando em um dos principais problemas ambientais da nossa civilização e advertiu que o relatório não analisa impactos futuros.
“A população mundial está aumentando e cada vez está consumindo mais carne por pessoa. E isso é algo que não colocamos no relatório, mas que em 2050 terá implicações ambientais maiores ainda”, disse Suh. O cientista americano assinalou que, por exemplo, o consumo per capita de carne na China aumentou 42% entre 1995 e 2003.
“E previsões recentes assinalam que nos próximos anos o consumo aumentará outros 30%. Na China se consomem 70 quilos de carne por pessoa ao ano. Nos Estados Unidos o número vai para 120 quilos, por isso que há muito espaço para que o consumo aumente em Pequim”, explicou.
Embora os autores do relatório ressaltem que são os legisladores que têm de estudar os dados e colocar as soluções adequadas, disseram que esse problema deve ser respondido com mudanças na gestão de recursos e dietas mais equilibradas.
Um dos estudos assinala que há uma quantidade substancial de alimentos que são desperdiçados. E comer carne tem um impacto mais elevado que adotar uma dieta vegana.
Outro dos problemas apontados são os “subsídios enormes” que os agricultores recebem para produzir seus alimentos, o que também provoca o desperdício de recursos. Por isso o relatório assinala que “uma redução substancial dos impactos só será possível com uma mudança substancial da dieta mundial que se afaste dos produtos animais”.
Com informações do EFE
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